terça-feira, 13 de setembro de 2011

BEATO SALU SAI DA CLAUSURA


Para Nélson Dantas, a semana foi uma verdadeira via-crucis, uma vez que, a partir do capítulo 41, o pânico se instala na vida do Beato Salu, em Roque Santeiro. Durante 17 anos vivendo isolado da comunidade de Asa Branca, desde a morte do filho Roque, Salustiano se refugiara num casebre às margens do rio, onde se tornara beato, promovendo curas e nada mais fazendo do que rezar e evocar o filho assassinado. Mas, quando Roque volta à cidade e procura o pai, o encontro dos dois causa uma forte impressão no velho, que se crê mais louco do que é. Beato Salu, depois de 17 anos, deixa sua maloca e corre pelas ruas de Asa Branca, aos gritos de "Roque voltou", "Roque está vivo". Mas, quem acredita?

As gravações foram feitas entre segunda e quinta-feiras, em diferentes locais. Na antiga cidade cenográfica de Guaratiba, onde está armada a casinhola do beato, José Wilker gravou ao lado de Nélson a visita de Roque Santeiro ao pai. Na nova cidade cenográfica onde está Asa Branca Nélson correu pelas ruas, sob a admiração do povo-figurante. Ajoelhado ante a estátua do filho, ele rezou e pediu perdão. Provocou balbúrdia, porque Sinhozinho Malta (Lima Duarte), o prefeito e o padre concluíram que Salu deveria calar a boca. Chamaram a polícia, que levou o velho mal trapilho para a prisão com a intenção de transportá-lo, nas próximas cenas, para o hospício.

O ator com as vestes encardidas do personagem, feitas de sacos de aniagem, usando longa barba postiça — assumiu o ar muito desamparado de Salu, mas pronto para mais um repente de ação. Ao final de algumas cenas, dizia:

O futuro do beato é negro. Seu fim está próximo e eu sinto saudades antecipadas dele. Mas, até a despedida, ainda vai me oferecer bons instantes de ação e reflexão. É o que se quer de um papel, não é?!

O Globo
21/7/1985

Assista o Capítulo 40 exibido nesta segunda-feira






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