segunda-feira, 24 de outubro de 2011

OS 89 ANOS DE DIAS GOMES


O Brasil hoje comemora. Se estivesse vivo, Dias Gomes completaria 89 anos. Talvez não estivesse vivo nesta idade, mas talvez sim. Infelizmente a fatídica noite de 18 de maio de 1999 abreviou a vida de um grande artista brasileiro, mas não sua obra.

Leonardo Villar em
"O Pagador de Promessas"
Oriundo do teatro, Alfredo de Freitas Dias Gomes, foi responsável por grandes sucessos e também estrondosas polêmicas numa época negra do país. Assumidamente de esquerda, foi perseguido e do mesmo modo que muitos artistas daquela época foi duramente censurado. Uma das poucas entrevistas que me lembro assistir de Dias, ele relatava o episódio da censura à sua novela Roque Santeiro, de 1975, baseada em uma peça de sua autoria de 1963, também censurada, O Berço do Herói. O falante dramaturgo não perdia o humor refinado que tanto o caracterizava.

No teatro, no cinema ou na tv, onde quer que estivesse, Dias Gomes era sinônimo de sucesso. Santo Inquérito, O Berço do Herói, O Pagador de Promessas no teatro, só para citar as principais obras, esta última se tornaria sucesso internacional através do cinema. O filme, com roteiro do próprio Dias, foi o primeiro brasileiro a receber indicação ao Oscar e o único a ganhar a Palma de Ouro em Cannes, no ano de 1960.

O bem amado Odorico Paraguaçu
Na TV, seus personagens se tornariam inesquecíveis e verdadeiros marcos da nossa teledramaturgia. Mesmo quem não tinha idade ou sequer nascido se lembrará do Odorico Paraguaçu de Paulo Gracindo. Suas histórias tinham forte conteúdo político como podemos perceber na crítica nem sempre tão velada de Roque Santeiro. A novela trata de arquétipos políticos muito bem definidos e fala da capacidade que a sociedade possui de criar seus próprios mitos e se cegar diante deles.

Casado muitos anos com Janete Clair, falecida em 1983 vítima de câncer, Dias ainda se casou com a atriz Bernadeth Lízio. A filha do casal, Mayra Dias Gomes, hoje com 24 anos, possui dois livros publicados.

O último trabalho do autor na TV foi a adaptação de Dona Flor e Seus Dois Maridos, em 1998. A minisséria, baseada na obra de Jorge Amado, foi um grande sucesso. 

Como disse no início, o Brasil hoje comemora. Mesmo falecido, Dias nos deixou obras de fundamental importância para nossa cultura teatral e teledramatúrgica. Novelas como O Bem Amado e Roque Santeiro foram verdadeiros divisores de água na televisão brasileira, bem como Saramandaia, Bandeira 2 e tantas outras que entraram em nossas casas através dessa caixa mágica que se chama televisão.

Por Jean Cândido Brasileiro

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